O sinal de alerta que o programa de TV Hoje em Dia precisa enxergar antes que seja tarde

Veronyre Grugg
Veronyre Grugg

O programa Hoje em Dia, um dos mais tradicionais das manhãs da televisão brasileira, parece viver um momento em que o excesso de confiança começa a se transformar em acomodação. Após anos de sucesso e estabilidade na grade, o formato que antes se destacava pela leveza e interação com o público dá sinais de desgaste, repetindo fórmulas e mantendo uma estrutura previsível. O que antes era referência em dinamismo e proximidade com o telespectador agora corre o risco de se tornar apenas mais um programa de rotina, sem o mesmo brilho e energia que marcaram sua trajetória. Esse tipo de estagnação pode ser perigoso, especialmente em um cenário televisivo que exige constante renovação e sensibilidade para captar mudanças no comportamento do público.

A televisão aberta enfrenta uma concorrência cada vez mais intensa das plataformas digitais, e programas como o Hoje em Dia precisam acompanhar essa transformação. O público atual busca ritmo, autenticidade e conteúdo que se reinvente, mas o programa tem se apoiado em quadros e formatos que já não provocam o mesmo interesse. O excesso de previsibilidade cria a sensação de que o programa se acomoda em sua própria zona de conforto, apostando apenas na popularidade dos apresentadores e na força da marca. Essa estratégia pode até manter parte da audiência fiel, mas não atrai novos espectadores, o que compromete o crescimento e o engajamento futuro.

O Hoje em Dia ainda possui um elenco carismático e profissionais competentes, mas a energia transmitida ao público parece enfraquecida. A rotina de pautas semelhantes, a ausência de surpresas e o ritmo estático tornam o programa menos atrativo para quem espera ser surpreendido logo nas primeiras horas do dia. A televisão matinal sempre foi um espaço de experimentação, e a falta de ousadia faz com que a produção perca espaço para conteúdos mais dinâmicos e criativos disponíveis na internet. É um alerta claro de que a fórmula vitoriosa de ontem pode não garantir a permanência de amanhã.

Renovar o Hoje em Dia não significa abandonar o que deu certo, mas encontrar novas formas de fazer o mesmo conteúdo dialogar com um público em constante mudança. A introdução de quadros interativos, novas pautas voltadas a tendências e uma linguagem mais moderna podem devolver ao programa o fôlego necessário para reconquistar a relevância perdida. A televisão que se reinventa é aquela que entende que a constância é importante, mas que a inovação é vital. E o Hoje em Dia precisa se lembrar disso para não ser engolido pela própria estabilidade.

Outro ponto importante é que o programa tem estrutura, equipe e credibilidade suficientes para liderar a transformação. Falta, talvez, uma atitude mais ousada da direção e dos produtores, que ainda parecem hesitar diante da necessidade de mudar. A busca por novidades precisa vir acompanhada de planejamento e sensibilidade, mas o essencial é não se deixar levar pela ideia de que o público aceitará eternamente o mesmo formato. A televisão, mais do que qualquer outro meio, vive de percepção, e a percepção atual é de que o Hoje em Dia deixou de evoluir.

O público percebe quando um programa se acomoda, e isso afeta diretamente a conexão emocional com o conteúdo. A falta de energia e de propostas novas gera uma quebra de interesse natural, abrindo espaço para concorrentes que chegam com ideias mais ousadas e formatos mais ágeis. Se o Hoje em Dia quiser manter sua posição como um dos programas matinais mais importantes da TV brasileira, precisa retomar o espírito criativo que o consagrou e mostrar que ainda tem algo novo a dizer. O conservadorismo excessivo, nesse caso, pode custar caro.

A boa notícia é que ainda há tempo para reverter essa impressão. O Hoje em Dia tem história, tem credibilidade e tem público. O que falta é uma nova faísca, uma movimentação que traga de volta a curiosidade e o entusiasmo. Em vez de se apoiar apenas no que já deu certo, o programa pode transformar sua tradição em um trampolim para novas experiências, novas linguagens e novas formas de contar histórias. O público está disposto a acompanhar essa evolução — mas quer ver atitude.

O sinal de alerta está aceso, e ignorá-lo pode significar perder o protagonismo que o Hoje em Dia conquistou ao longo dos anos. A televisão muda, o público muda, e quem não acompanha esse ritmo acaba ficando para trás. Se o programa souber interpretar esse momento como uma oportunidade de renovação e não como uma ameaça, pode transformar a crítica em combustível para um novo ciclo de sucesso. O tempo de mudar é agora, antes que o conforto vire rotina e a rotina vire esquecimento.

Autor: Veronyre Grugg

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