A saúde mental é um dos maiores desafios contemporâneos em saúde pública. De acordo com José Henrique Gomes Xavier, a administração pública exerce um papel essencial na estruturação, coordenação e ampliação dos serviços voltados ao cuidado psicológico da população, especialmente em tempos de crise social, econômica e sanitária.
Diante do aumento expressivo dos casos de ansiedade, depressão, dependência química e outros transtornos mentais, cresce a urgência por políticas públicas que garantam acesso universal, integral e humanizado aos serviços de saúde mental. Nesse cenário, cabe à gestão pública liderar ações estratégicas para enfrentar o problema com responsabilidade e eficiência.
Por que a administração pública deve priorizar a saúde mental?
A saúde mental influencia diretamente o bem-estar individual, as relações sociais e a produtividade econômica de um país. O sofrimento psíquico, quando não tratado, pode gerar impactos profundos na educação, no trabalho, na segurança e até no desenvolvimento infantil. Segundo José Henrique Gomes Xavier, investir em saúde mental é investir em desenvolvimento humano.
A negligência com essa área sobrecarrega os serviços de urgência, agrava doenças crônicas, amplia o número de afastamentos no serviço público e privado, e aprofunda desigualdades sociais. A administração pública tem, portanto, a responsabilidade de reconhecer a saúde mental como prioridade na agenda da saúde coletiva, promovendo políticas inclusivas e de longo prazo.
Quais os principais desafios da administração pública na saúde mental?
Apesar dos avanços nas últimas décadas, a gestão pública ainda enfrenta diversos desafios para oferecer uma rede de atenção em saúde mental efetiva. Entre os principais obstáculos estão:
- Falta de profissionais especializados
Muitas regiões do país ainda sofrem com a escassez de psicólogos, psiquiatras e terapeutas disponíveis na rede pública. - Infraestrutura insuficiente
A ausência de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros equipamentos específicos, dificulta o acolhimento contínuo de pacientes. - Estigma social
O preconceito em relação aos transtornos mentais inibe a busca por tratamento e reduz a eficácia das campanhas públicas. - Descontinuidade de políticas públicas
Mudanças de gestão e cortes de orçamento comprometem a continuidade de programas estratégicos.

Conforme José Henrique Gomes Xavier, superar esses entraves requer planejamento técnico, financiamento adequado e, sobretudo, vontade política para colocar a saúde mental no centro das decisões governamentais.
Como a administração pública pode fortalecer os serviços de saúde mental?
A construção de uma rede pública eficiente de saúde mental exige articulação entre diferentes setores, com foco em prevenção, acolhimento e reintegração social. Algumas estratégias essenciais incluem:
- Ampliação da cobertura dos CAPS e unidades básicas de saúde com atenção psicossocial
- Capacitação permanente de profissionais da saúde, educação e assistência social
- Integração com programas de combate à violência doméstica, ao suicídio e à dependência química
- Campanhas educativas para combater o estigma e incentivar o autocuidado
- Uso de tecnologias e teleatendimento para ampliar o acesso aos serviços
Para José Henrique Gomes Xavier, essas ações devem ser sustentadas por uma política de saúde mental territorializada, comunitária e baseada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo cuidado contínuo e centrado na dignidade da pessoa.
Quais experiências públicas têm obtido sucesso na saúde mental?
Diversos municípios e estados vêm adotando boas práticas na área de saúde mental com resultados consistentes. Cidades como Belo Horizonte, Campinas e Fortaleza investiram na expansão dos CAPS, no atendimento psicossocial em escolas e na articulação com centros comunitários. Essas experiências evidenciam que é possível transformar o cuidado em saúde mental com estratégias públicas bem planejadas, integradas e centradas no usuário.
Por fim, José Henrique Gomes Xavier frisa que em um cenário de crescente sofrimento psíquico, políticas públicas estruturadas e sensíveis são indispensáveis para garantir qualidade de vida, dignidade e justiça social.
Autor: Veronyre Grugg